Carlo Acutis no Santuário do Santíssimo Milagre, em Santarém | Associação Carlo Acutis
‘‘FONTE: ACIDIGITAL”
Por Natalia Zimbrão
25 de mar de 2025 às 11:17
O beato Carlo Acutis, que será canonizado em 27 de abril, visitou Portugal seis meses antes de morrer, em uma viagem que colaborou para seus projetos sobre os milagres eucarísticos e as devoções marianas.
“Do pouco que nós sabemos, ele esteve em Portugal em abril de 2006 e morreu em outubro de 2006”, disse à ACI Digital o funcionário público José Esteves, de 42 anos. Ele é catequista na paróquia de Santa Maria de Duas Igrejas, em Braga, onde há uma relíquia de primeiro grau do futuro santo, e ajudou a difundir a devoção a Carlo Acutis em Portugal.
Para o catequista, essa viagem deve ter sido “um sonho” para o beato, pois uniu “suas duas paixões”, a Eucaristia e as aparições de Nossa Senhora. “Ele esteve em Lisboa, Santarém e Fátima”.
Durante boa parte de sua vida, Carlo, que morreu aos 15 anos, se dedicou a pesquisar sobre os milagres eucarísticos e as aparições marianas. Suas pesquisas deram origem a duas exposições sobre esses temas que atualmente percorrem vários países.
Esteves destacou o quanto “a Eucaristia e os milagres eucarísticos” eram “um fascínio” de Carlo Acutis e, por isso, “ele foi a Santarém, porque ocorreu o milagre lá no santuário do Santíssimo Milagre, que reserva a relíquia, a hóstia com um corinho de sangue”.
Segundo o catequista, “a ligação a Fátima também era muito grande, já desde pequenininho que ele tinha um fascínio enorme pela história de Fátima, pelas aparições de Nossa Senhora, inclusive as de Fátima e as de Lourdes”.
A mãe de Carlo Acutis, Antonia Salzano, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em maio de 2024, que “Carlo era um devoto da Virgem em geral”, mas “certamente tinha uma grande devoção, que era a Virgem de Fátima”. Ele sentiu “que tinha muitas semelhanças com os pastorinhos” que receberam a revelações na Cova da Iria em 1917.
O catequista José Esteves contou que a devoção a Carlo Acutis em Portugal se espalhou a partir da paróquia de Duas Igrejas. Ele disse que conheceu o futuro santo por volta de 2017, através de uma publicação em um site em italiano que “surgiu” para ele. “Chamou-me a atenção, comecei a ler a história dele e realmente achei fascinante. Então, traduzi toda a história dele e pensei: ‘deixe-me pegar esta história deste jovem e introduzi-la aqui na nossa paróquia, aos nossos jovens, pois ele foi um jovem atual, usou a internet, jogou futebol, um jovem normalíssimo, mas tinha uma facete já de santidade’”.
Segundo o catequista, a história de Carlo foi “muito bem aceita” pelos jovens e crianças e todos começaram a comentar sobre ele. “Fizemos uns panfletos, umas brochuras com a história dele, com fotografias e distribuímos na paróquia. Dali a um ano, declaramos o Carlo Acutis patrono da nossa catequese”, disse.
O passo seguinte foi a divulgação pela internet, sobretudo nas redes sociais. “Foi um sucesso”, disse Esteves, “começou a se espalhar muito a história dele cá em Portugal”.
Em seguida, Esteves recebeu um e-mail da Associação Carlo Acutis, agradecendo “pelo fato de difundir e divulgar” a história dele. “Depois, fomos presenteados com uma relíquia de primeiro grau pelo fato de a gente estar a difundir a história do Carlo Acutis”, disse.
A relíquia foi recebida em dezembro de 2022 e, em 18 de junho de 2023, foi entronizada na paróquia de Duas Igrejas, onde até hoje fica exposta para veneração. “A partir daí, a nossa igreja tornou-se, digamos, um local de culto ao Carlo Acutis”, disse o catequista.
Relatos de milagres
Segundo José Esteves, muitas pessoas procuram a paróquia para rezar com a relíquia do futuro santo. “E tivemos alguns fenômenos, digamos, de milagres relacionados com a relíquia”, disse, acrescentando ter notado o quanto “Carlo é incansável mesmo com crianças e jovens”.
Um dos relatos que o catequista contou é sobre um menino de dez ou 11 anos que “nunca falou, só produzia sons”. Ele passou por algumas cirurgias e, “na última, os médicos disseram aos pais que não tinha solução e nunca mais ia falar”.
“A mãe colocou uma pagela, um santinho do Carlo Acutis, debaixo da almofada na noite anterior. No outro dia de manhã, o miúdo chegou à cozinha e falou para os pais como se nada fosse. Ou seja, começou a desenvolver uma conversa. A mãe começou logo a chorar, ficou estática”, contou. “E outra coisa é que apagou a memória negativa toda. Não se lembra de nunca ter falado, de nenhuma cirurgia, de nada. Ele já veio cá muitas vezes”, disse. Segundo ele, a médica do menino “está a fazer o relatório” deste caso.
Um segundo relato é de uma menina que sofria paralisias durante o dia, há cerca de nove meses. Ela esteve com os pais na paróquia de Duas Igrejas, em Corpus Christi, participou da missa e “tocou na relíquia”. “Depois, foram a uma vila que tem a 10 minutos daqui. Ao fim do dia, a mãe manda-me uma mensagem a dizer: ‘só para dizer que a Júlia agora, desde que foi aí, não teve sintomas’”.
Esteves disse que, a princípio, não “lhe deu importância”, mas dois meses depois a mãe entrou em contato e pediu para “reservar o primeiro lugar na igreja”, porque queria “estar em frente à relíquia, em frente ao Carlo, para agradecer, porque a menina nunca mais teve paralisias”. A mãe da menina também lhe enviou o relatório do médico e os exames. “Ela perguntou ao médico por que a menina tinha várias paralisias há cerca de nove meses e, de repente, deixou de ter. O médico disse que não tinha explicação. E a mãe respondeu: ‘vocês não têm explicação, mas eu tenho’. Ela disse que foi o Carlo Acutis”.
Outro caso foi o de um menino chamado Cristiano, de “cinco aninhos”, que “tem uma doença rara, o destino dele é estar numa caminha ou numa cadeirinha de rodas”, ele “não fala e não se segura na coluna”. No ano passado, ele esteve com os pais na paróquia de Duas Igrejas cerca de quinze dias antes da festa de Carlo Acutis que fizeram em 13 de outubro. Esteves o convidou a retornar no dia da festa, vestido “a moda do Carlo Acutis”, com camisa vermelha, calça jeans e tênis, como fazem os outros meninos da paróquia.
No dia da festa, a mãe do menino chamou Esteves, que estava acompanhado de dois escuteiros, e contou que, desde a última vez em que estiveram lá, ela lia para o filho todas as noites a oração de Carlo Acutis que estava em um santinho que levou para casa e que o menino sabia rezar a oração. “Eu perguntei: ‘como é possível se o Cristiano não fala?’. E a mãe disse: ‘Cristiano, diz a oração do Carlo Acutis’. E nós ficamos todos arrepiados, o menino disse a oração como se estivesse a ler, sempre direitinho. E ele não diz mais nada, só produz uns sons”.
A história mais recente que Esteves contou à ACI Digital foi a de um menino que sofreu um acidente “há cerca de dois meses”, ele “caiu, bateu com a cabeça, teve uma fratura no crânio e perdeu a memória”. As tias dele, que são da paróquia de Duas Igrejas, chamaram o menino e os pais para ir “rezar ao Carlo Acutis”. “Vieram e, quando estava em frente à relíquia, o rapaz recuperou a memória toda”, disse Estevevs, que já pediu à família um relatório médico para deixar o caso registrado.