Imagem original da Virgem de Guadalupe em seu santuário na Cidade do México. | David Ramos / ACI Prensa
Por David Ramos
”FONTE: ACIDIGITAL.COM”
Os quase 500 anos desde a aparição de Nossa Senhora de Guadalupe viram surgir uma diversidade de mitos em torno da imagem plasmada na tilma de são Juan Diego, como uma suposta temperatura humana ou movimento nos olhos da Virgem. O que há de verdade nisto?
O padre Eduardo Chávez, postulador da causa de canonização de São Juan Diego e um dos maiores especialistas na aparição de Nossa Senhora de Guadalupe, esclareceu ao Grupo ACI a verdade em torno dessas histórias.
- É verdade que a imagem da Virgem de Guadalupe tem temperatura humana?
Padre Chávez, também diretor do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos, assinalou que este mito se difundiu através das redes sociais e e-mails, mas, na verdade, “a imagem não tem, não apresenta temperatura”.
“É lógico que o mármore, a pedra, a madeira, o tecido, tenham diferentes temperaturas”, disse. A imagem da Virgem de Guadalupe está plasmada sobre “um tecido feito de planta, uma agave chamada ‘ixotl’. E não apresenta uma temperatura como se fosse um ser humano”, disse.
- A imagem da Virgem de Guadalupe foi pintada ou fabricada por mãos humanas?
O sacerdote mexicano assegurou que este mito “é simples e claramente impossível”, pois, entre outros importantes detalhes, a tilma de são Juan Diego “não tem sequer pincelada”. “É uma estampa, é um impresso como tal”, afirmou.
Além disso, destacou o caráter milagroso da imagem, porque, “como é possível que tenha durado apesar de um acidente do ácido que se derramou sobre ela em 1784? Como é possível que, após o bombardeio ocorrido em 14 de novembro de 1921, nada tenha acontecido com ela?”.
- Os olhos da Virgem de Guadalupe se movem?
Padre Chávez afirmou que, nas redes sociais, “dizem que colocando sobre ela uma luz forte, os olhos se dilatam e coisas desse tipo. Isso não existe. Não é que se movam, não é que se dilatem”.
Para o cônego da Basílica de Guadalupe, “foi mal interpretada uma coisa que o oftalmologista Enrique Graue assinalou: que os olhos parecem humanos, no sentido de que se vê como uma fotografia humana, com profundidade e reflexos humanos”.
- A Virgem de Guadalupe “flutua” sobre o manto?
O diretor do Instituto de Estudos Guadalupanos foi taxativo: “A imagem da Virgem de Guadalupe não flutua”, mas “está impressa na tilma”.
Também “não são duas ou três imagens postas uma sobre a outra”, como alguns asseguram.
- A Virgem de Guadalupe é uma adaptação católica de uma deusa asteca?
Há quem defenda a ideia de que a Virgem de Guadalupe é uma adaptação católica da deusa asteca Coatlicue Tonantzin, uma mistura de mulher com serpentes que representava a fertilidade.
Entretanto, padre Chávez explicou que Nossa Senhora de Guadalupe “não é nenhuma adaptação de nenhuma deusa” e que “ela não aceita nenhuma idolatria”.
“Ela não é chamada de Coatlicue, que seria idolatria, ela é chamada Tonantzin, que não é idolatria, mas significa ‘nossa venerável mãe’, e como dizem os indígenas em diminutivo: ‘nossa mãezinha’. É um título, não é a idolatria”.
“Os missionários do século XVI jamais iriam fazê-la como um disfarce para uma deusa pagã, que para eles era simplesmente satanás, o demônio, e vesti-la como Maria. Isso é totalmente falso”, sublinhou.
- Há música oculta na imagem da Virgem de Guadalupe?
- Com base em um trabalho matemático, o contador público mexicano Fernando Ojeda divulgou esta descoberta, explicou padre Chávez.
- Tomando as flores e estrelas na imagem da Virgem como se fossem notas musicais, Ojeda esboçou um pentagrama e encontrou a melodia.
- Padre Chávez assinalou que repetiram o experimento com cópias dos séculos XVI e XVII, “nas quais as estrelas e as flores estão a critério do pintor”, mas a única coisa que obtiveram foram “ruídos, não harmonia”.
- “Somente com a original sai a harmonia perfeita e atualmente já tem um arranjo sinfônico. É verdade, surge música da imagem da Virgem de Guadalupe”, reiterou.